Na terça passada, 29 de março, a professora da FAU-USP e pesquisadora do LabCidade, Isadora Guerreiro, participou do Seu Jornal, programa da TVT, comentando sobre a nova proposta de moradia da Prefeitura de São Paulo, que fala em aquisição massiva de 45 mil imóveis prontos no mercado, investimento total de R$ 8 bilhões.
Alguns comentários adicionais da Isadora:
_ Embora no Programa Pode Entrar tenha o perfil da população a ser atendida, ele é muito genérico. Não está claro se as unidades compradas serão para as famílias do Grupo 1 (até 3 salários mínimos). O secretário, nas audiências, disse que sim, que elas pagarão até 15% de sua renda por 30 anos. Mas isso não está escrito nem nos editais, nem no Pode Entrar.
_ Não está definida a porcentagem destas unidades que vai para aluguel social.
_ Quando a prefeitura coloca no mercado a prerrogativa de construir, ela não tem controle sobre a qualidade do crescimento urbano da cidade. Ela só pode indicar prioridades de compra, mas se o mercado não tiver oferta nestes locais, não dá certo. Ou seja, o desenho dos editais pode até parecer interessante pois é ágil e dá prioridade aos eixos de transporte, mas a prática pode ser muito diferente. Só vamos saber o resultado disso no final: quem foi atendido e onde. Ou seja, é uma inversão em relação à noção de planejamento urbano, que deveria anteceder a prática do mercado.
O que estamos vendo é que, na prática, a localização e atendimento desses imóveis não se diferenciará muito do MCMV, que é o modelo que o Secretário levanta a todo momento para falar dos editais e do Pode Entrar. Ou seja: imóveis de baixa metragem, mau localizados, com atendimento maior para rendas de 3 a 6 sm, que conseguem manter o financiamento.
A matéria do telejornal também falou com Evaniza Rodrigues (UNMP). Pode ser vista abaixo, a partir dos 6min40s (já está no ponto, só dar play):
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