Por Marina Harkot

Foto: Luenne Albuquerque

A concepção e realização do Seminário “Cidade, gênero e interseccionalidades”, que será realizado entre os dias 28 de janeiro e 01 de fevereiro de 2019 e está com inscrições abertas, partiu do desejo de amadurecer conceitualmente as discussões que vêm sendo realizadas especialmente no campo do planejamento urbano e gênero. O debate se inicia, então, com uma discussão interdisciplinar, trazendo participantes que pudessem auxiliar com questões essenciais para a compreensão dos debates. 

O primeiro encontro do seminário, dia 28/01, será importante para discutir conceitos fundamentais como “marcadores sociais da diferença” e os feminismos plurais, bem como debates recentes ligados às mudanças demográficas e o papel das mulheres nas dinâmicas familiares brasileiras e o mundo do trabalho.

Para articular essas discussões, participarão dos debates: Angela Figueiredo, socióloga, docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) e coordenadora do grupo de pesquisa ativista Coletivo Angela Davis; Gláucia Marcondes, demógrafa, pesquisadora do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (NEPO) e Docente da Pós-Graduação em Demografia do IFCH/Unicamp; e Luana Pinheiro, socióloga atuante na Coordenação de Estudos e Pesquisas de Igualdade de Gênero, Raça e Gerações do Ipea, com mediação de Marina Harkot, do LabCidade FAUUSP.

Angela Figueiredo fará a articulação entre gênero, raça e classe, a partir de sua atuação nessas temáticas com estudos sobre cultura negra, classe média negra, beleza negra, identidade negra, feminismo negro e emprego doméstico. Suas reflexões de longa data no campo dos estudos de relações raciais se traduzem em importantes debates acerca da afirmação das identidades e da importância do reconhecimento dessas diferenças no contexto brasileiro – não apenas, mas também – do amplamente aceito mito da democracia racial.

A crescente incorporação das mulheres no mercado de trabalho a partir dos anos 70 gerou grandes mudanças nas famílias brasileiras. Glaucia Marcondes analisará a estruturação das novas “famílias médias” brasileiras – as famílias, no geral, estão diminuindo de tamanho, além de ter aumentado a quantidade de famílias monoparentais com filhos, especialmente as chefiadas por mulheres, e as mulheres estão morrendo mais tardiamente que os homens – e as dinâmicas demográficas por elas geradas, apoiando a reflexão a ser desenvolvida ao longo do seminário sobre os efeitos que o planejamento urbano tradicional, que desconsidera essas mudanças.

O trabalho feminino – tanto o produtivo, pago, quanto o reprodutivo, não-pago – será mais profundamente discutido por Luana Pinheiro, economista e doutora em sociologia. A maneira como o tempo de trabalho feminino e masculino são alocados e de que maneira isso impacta na perpetuação ou superação das desigualdades é uma discussão essencial para o movimento feminista e para compreender de que forma a organização das cidades (e da sociedade) brasileiras contribuem para tal.

Assim, espera-se que a primeira sessão do seminário auxilie as pessoas que vêm se ocupando de debater planejamento urbano a partir perspectivas não hegemônicas a ir além dos grandes conceitos e leituras generalistas que normalmente são articuladas nas discussões, compreendendo as diversas nuances e complexidades envolvidas no debate de gênero através de temas transversais abordados pelas palestrantes.

Seminário Cidade, Gênero e Interseccionalidades acontecerá em São Paulo entre 28 de janeiro e 1 de fevereiro de 2019, realizado pelo Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São PauloVeja o evento no Facebook. Mais informações e inscrições no site. e nas centrais de atendimento das unidades do Sesc. Se você necessita de recursos de acessibilidade, como tradução em Libras, audiodescrição, entre outros, solicite por e-mail (centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br) ou telefone (11 3254-5600), com até 48 horas de antecedência do início da atividade.

Palestrantes que participarão do primeiro encontro do seminário, em 28/01:

 

Angela Figueiredo | Professora no centro de Artes, Humanidades e Letras da UFRB e em programas de pós-graduação na UFBA. Estuda temas relacionados à classe média, gênero, raça e classe e feminismo negro. Coordenadora do Coletivo Angela Davis, grupo de pesquisa ativista nas áreas de gênero, raça e subalternidade.

 

Glaucia Marcondes | Demógrafa, Pesquisadora do Núcleo de Estudos de População Elza Berquó (NEPO) e Docente da Pós-Graduação em Demografia do IFCH/Unicamp. Membro da Diretoria da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP). Desenvolve pesquisas com temas sobre Famílias, Gênero e Geração e Saúde Reprodutiva.

 

 

 

Luana Pinheiro | Doutora em sociologia, atua na Coordenação de Estudos e Pesquisas de Igualdade de Gênero, Raça e Gerações do Ipea, onde é técnica de planejamento e pesquisa desde 2004. Trabalhou na Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República de 2007 a 2011.

 

 

Marina Harkot | Mestra em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e pesquisadora do LabCidade FAUUSP onde pesquisa mobilidade urbana, gênero e temas correlatos. Atua como consultora em planejamento urbano no desenvolvimento de planos diretores e planos setoriais.