As atividades realizadas pelo Observatório de Remoções nas comunidades ameaçadas de remoções às margens da Rodovia Imigrantes, as quais denominamos como polo de atuação Diadema – Ecovias, buscaram conhecer e compreender a realidade dos moradores, e criar elementos para a construção de um dossiê que aborde o complexo cenário que envolve moradores, Ecovias, prefeitura e governo do Estado, bem como outros atores que façam parte deste processo, a fim de levantar, sistematizar e dar visibilidade às informações sobre este caso. Parte-se do pressuposto que estas ações contribuirão no fortalecimento das famílias que há anos lidam com ameaças de remoção e com a falta de informação sobre o seu futuro.
A primeira oficina teve como objetivo a apresentação do grupo e da proposta de trabalho (atividades e produtos) em relação ao tema, assim como conhecer alguns moradores e propor um espaço de articulação entre as comunidades que enfrentam e compartilham dos mesmos problemas.
Primeira oficina realizada na comunidade Barbosinha.
Já a segunda atividade teve como proposta o resgate da memória de luta destas famílias, que resistem nas áreas há mais de vinte anos. A metodologia utilizada neste encontro foi a cartografia social e a produção de uma linha do tempo das comunidades que serão disponibilizadas posteriormente. Debruçando-se sobre os mapas, os moradores puderam se enxergar no território desenhando a sua própria residência, mudanças ocorridas, pontos de interesse como postos de saúde, escola dos filhos, assim como identificar áreas já removidas, os locais e momentos onde ocorreram resistência às remoções. Ao final expuseram seus mapas para os demais participantes, relatando as vivências, experiências, expectativas e anseios em relação ao local que vivem e às futuras ações possíveis no território.
Segunda oficina realizada com moradores de Diadema – área Ecovias no Sindema.
Linha do tempo realizada na segunda oficina com moradores de Diadema – área Ecovias.
Paralelo a estas atividades, o Observatório vem dialogando com outros atores envolvidos, como a Defensoria Pública de Diadema, a Promotoria do município, movimentos de moradia (CMP – Central dos Movimentos Populares), pesquisadores, entre outros. Tem participado de eventos que tratem da temática, como é o caso da audiência pública que aconteceu em 17/02/2016, bem como de uma reunião de desdobramento, que tinha como objetivo a articulação entre Ecovias, Prefeitura de Diadema e Governo do Estado de São Paulo (CDHU) no acompanhamento e desenvolvimento dos projetos que contemplarão as famílias que serão removidas da faixa de domínio e/ou área non aedificandi.
Durante o processo foi possível perceber que, apesar das precariedades urbanas e habitacionais encontradas nas comunidades, os moradores possuem interesse em permanecer na área, sendo que este desejo se deve, principalmente, aos laços afetivos criados e cultivados no território após cerca de vinte anos de ocupação. Relações de vizinhança, trocas e a criação de espaços de convivência entre os moradores são elementos importantes no desejo de continuar vivendo nestas áreas. Estas relações aparecem inclusive na fala de alguns adultos e crianças do Barbosinha, como é possível perceber no vídeo acima.
O fato de ter um teto, ou seja, ter onde morar de forma consolidado ou não, criou em boa parte daqueles moradores um sentimento de pertencimento ao território eo desejo de permanecer ali.
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